terça-feira, 22 de março de 2011

Ensino Selvagem

Assistindo à apresentação de uma determinada cadeira na faculdade, a qual possuía como característica a teoria mais do que prática, o professor começa a aula já se desculpando, porque ele "entendia a preferência dos alunos por disciplinas práticas"... Mas, como  aquela cadeira fazia parte do currículo, os alunos deveriam tirar, de alguma forma, algum aprendizado...
Depois desta apresentação, comecei a me interrogar onde se quer chegar com um ensino superior deste tipo? Por que esta animosidade por cadeiras teóricas e por que a maioria dos alunos adora cadeiras práticas? Por que começar a apresentação de uma disciplina com desculpas? Quantas outras maneiras há para um professor chamar a atenção do aluno para a sua matéria?
Comecei a refletir sobre o assunto e a questionar o nosso ensino  o qual - todos sabemos -  segue os moldes do capitalismo, e qual o papel das nossas instituições para mudá-lo? Ela deve acompanhá-lo, e literalmente baixar a cabeça e formar “profissionais” alienados, que seguem à risca apenas padrões pré-estabelecidos, e se algo sai fora do programado se desestabiliza? Esquecemos o que nos diferencia dos animais, dos robôs, computadores, das máquinas, etc.
Aceitamos esta condição, criando desculpas que coloquem  a teoria simplesmente como uma questão de gosto?
Uma das maiores tristezas que considero é como os currículos do ensino superior se tornam cada vez mais técnicos, e ainda juram dentro das salas de aulas que não querem ser técnicos de jeito nenhum. Como? Quando retiram cadeiras das áreas da filosofia, história, arte, etc. de um curso superior? Uso como exemplo o curso de Comunicação Social, pois é com ele que tenho mais proximidade: incrível uma universidade formar publicitários que vejam no primeiro semestre do seu curso uma cadeira de apenas dois créditos intitulada “Estética e História da Arte” e nunca mais ouçam falar sobre o assunto!
Preciso falar da importância da Filosofia, da História e da Arte  como áreas do conhecimento que proporcionam novas perguntas, mudanças e perspectivas na nossa percepção de mundo, bem como novos horizontes que levam a uma transdisciplinaridade e mudança de conceitos enraizados em nós. Perceber a história mundial, a história da Filosofia e da Arte é fundamental.
Não falo apenas de cultura e/ou conhecimento geral, mas sim daquele conhecimento específico, pessoal, que só cada um adquire ao perceber, conhecer e questionar as possibilidades das coisas, do mundo, no sentido avaliativo, perceptivo da coisa. Claro que, além deste contato pessoal, é de extrema importância como este conhecimento nos é transmitido: quantos professores realmente estão dentro de uma sala de aula de ensino superior para criar, pesquisar, estimular a produção própria, trocar ideias, discutir com os seus alunos? Quantos criam uma barreira onde impossibilitam este contato, tão fundamental e importante? E o que estará faltando, então? Pré-disposição dos alunos, ou dos professores?
Não consigo entender por que um professor começa uma disciplina teórica se desculpando...


Por Juliana Peppl - Crítica ao Ensino Superior

Um comentário:

  1. Gente! O blog tá muito bacana, com atualizações ótimas! Continuem o trabalho lindo! Boto fé neste coletivo!

    ResponderExcluir