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PROJETOS EDUCATIVOS EM ARTE: QUAL É SEU ESPAÇO NA CENA CULTURAL?
de Carolina Mendoza | carolsmendoza@gmail.com
Atualmente a pluralidade de públicos incipientes e considerados “leigos” nos museus e exposições de arte exige que exista uma intermediação do contato espectador/obra, ainda mais com trabalhos artísticos contemporâneos. Fora os aspectos evidentes como o fator de legitimação, espaço da arte na sociedade/cidade, produção/gestão cultural, questões econômicas de mercado, abriu-se nos últimos tempos um espaço para a concepção de arte como meio educativo, ou arte articulando concomitantemente com a educação. Os chamados “projetos educativos” (ou também “programas educativos”, “ações pedagógicas”, “projetos pedagógicos”, dentre outras nomenclaturas), tornaram-se fundamentais (quando não obrigatórias) para qualquer iniciativa cultural de sucesso.
O que coloco aqui é a dualidade da proposta educativa em instituições/eventos culturais e artísticos: ao mesmo tempo em que existe um engajamento nessas ações, onde se procura a aproximação do público com a arte, também há certo marketing cultural por trás de tudo isso. Quer dizer: os programas e iniciativas educativas existem, mas será que há um apoio efetivo das instituições para um trabalho de qualidade e contínuo, ou muitas vezes esses projetos são usados como “propaganda” da instituição somente? Deixo a questão para reflexão.
É inegável que há uma expansão desse tipo de projeto, e que mesmo aqueles que são temporários (vide a Bienal do Mercosul), contribuem beneficamente para a formação de estudantes universitários (que atuam como mediadores e/ou montadores), e também para os visitantes atendidos por esses programas. Fora a integração dos projetos educativos aos outros setores dentro das próprias exposições – muitas vezes na própria expografia - angariando cada vez mais espaço. O que preocupa são aqueles que colocam esse tipo de ação como complemento de uma exposição – como um “adorno”, um “enfeite” – sem um aprofundamento ou valorização condizente com a importância que as titulações “educativo” ou “pedagógico” implicam.
Portanto percebe-se que a questão dos projetos educativos hoje em dia está mais articulada com grandes instituições ou eventos. Será que não há possibilidade de alguma iniciativa independente, sem estar vinculado diretamente a instituições? Será que, sendo a oferta de material em arte tão farta (é só verificar quantas exposições são realizadas em Porto Alegre, por exemplo), não poderiam ser colocados em prática projetos voltados para uma relação mais ampla e horizontal com a arte? São perguntas que ainda estão por ser respondidas, mas acredito que sendo esse campo recente, ainda estabelecendo-se tanto no meio das artes como da educação, ainda há muito que se realizar e discutir. O que não podemos mais é ignorar.
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