sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Nietzsche: Educador par excellence!

Que Nietzsche é um filósofo excelente nós já estamos "carecas" de saber... Agora que Nietzsche foi um excelente educador, isto é novidade!!!
Pois é, lendo o livro "Nietzsche: Filosofia e Educação" com organização de Vânia Dutra de Azeredo, me deparei com o seguinte texto: "O professor Nietzsche" de Rosa Maria Dias. Este texto reúne depoimentos de alunos do Nietzsche no período em que ele dava aula de filologia clássica na Universidade da Basiléia.
Segue alguns trechos:
"Na primavera de 1869, quando o jovem filólogo foi nomeado para a cadeira de grego na universidade e no Pädagogium, eu era aluno do final do segundo ciclo nesse estabelecimento. Lembro-me ainda da sensação causada pela sua pessoa e pelo seu ensino, e também da impressão deixada por sua aula inaugural sobre Homero, tão interessante pelas qualidades artísticas e poéticas quanto importante sob o ponto de vista científico. (...) Sua maneira de dirigir os alunos nos era absolutamente nova e despertava em nós o sentimento de nossa própria personalidade. Soube desde o início, estimular-nos para que tivéssemos um maior interesse pelo estudo, talvez mais ainda de maneira indireta, pelo seu saber e pelo seu exemplo, do que de maneira direta, ao nos declarar, por exemplo, que todo homem deveria pelo menos uma vez na vida se dar ao trabalho de consagrar ao estudo um ano inteiro, fazendo da noite o dia, e que esse ano tinha chegado para nós. Ele não nos considerava em bloco, como uma classe ou rebanho, mas como jovens individualidades, e também nos convidava a visitá-lo em sua casa.
Sua maneira de se exprimir, ponderada, solene, tão cuidada e, no entanto, tão natural, assim como todas as suas atitudes e seu comportamento, sua maneira de aproximar-se de alguém, de cumprimentá-lo, era realmente harmoniosa, de uma grande unidade de estilo, se isto se pode dizer. Além disso, um de seus principais objetivos era nos estimular para uma atividade pessoal. (...) O mais engraçado foi quando um dia nos apresentou o seguinte enigma: Que é Filosofia, ou um filósofo? Ninguém conseguiu responder e o próprio Nietzsche se esquivou diante da pergunta. (...)
Nietzsche procurava ouvir mais do que falar; através de perguntas estimulava seu interlocutor a exprimir livremente suas opiniões..."
Depoimento de Louis Kelterborn

Para finalizar este meu compartilhar, deixo esta frase da Scarlett Marton (professora titular do Deparmento de Filosofia da Universidade de São Paulo e fundadora do GEN - Grupo de Estudos Nietzsche):
"Nietzsche, filósofo da suspeita, convida o leitor a questionar-se sem cessar. E por que não levar a sério o convite que ele nos faz e colocar sob suspeita as crenças, convicções e preconceitos que temos a respeito dele mesmo?"  (Marton, 2010, p. 9).


Referências Bibliográficas:
AZEREDO, Vânia Dutra de (org.). Nietzsche: filosofia e educação. Ijuí: Editora Unijuí, 2008.
MARTON, Scarlett. Nietzsche, filósofo da suspeita. Rio de Janeiro: Casa da Palavra; São Paulo: Casa do Saber, 2010.

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