"(...) Mas de quando em quando me concedam - supondo que existam protetoras celestes, além do bem e do mal - uma visão, concedam-me apenas uma visão, de algo perfeito, inteiramente logrado, feliz, potente, triunfante, no qual ainda haja o que temer! De um homem que justifique o homem, de um acaso feliz do homem, complementar e redentor, em virtude do qual possamos manter fé no homem!... Pois assim é: o apequenamento e nivelamento do homem europeu encerra nosso grande perigo, pois esta visão cansa... Hoje nada vemos que queira tornar-se mais ralo, mais plácido, prudente, manso, indiferente, medíocre, chinês, cristão - não há dúvida, o homem se torna cada vez 'melhor'... E precisamente nisso está o destino fatal da Europa - junto com o temor do homem, perdemos também o amor a ele, a reverência por ele, a esperança em torno dele, e mesmo a vontade de que exista ele. A visão do homem agora cansa - o que é hoje o niilismo, se não isto?... Estamos cansados do homem..."
Friedrich Nietzsche
NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. Genealogia da Moral: uma polêmica. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
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