quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Impressões Sobre o Papel do Mediador/Educador em São Paulo

No final de novembro, fui à São Paulo visitar, primeiramente, a Bienal de SP. Porém, também fui com a intenção de observar como estão estruturadas as ações educativas dos espaços de arte na cidade. 

Visitei, além da Bienal, o Itaú Cultural, a SESC Pompéia e o MASP. Aqui vai o que observei lá:

Bienal de SP:
Mediador é chamado de Educador. 

A Bienal de SP fez um material didático para professores, porém não havia nenhum no momento para entrega. Apesar desse material estar disponível em PDF na internet, o orientador (não era educador) me passou um email de contato para que eu pudesse solicitar um possível envio desse material para mim.

Não vi educadores em disponibilidade no espaço expositivo para mediação para publico espontâneo, somente com turmas. Depois das 18h sim, havia educadores disponíveis. Por essa falta de acesso aos educadores, não consegui conversar com nenhum deles para perguntar sobre o Educativo e o papel do Educador. 

Quando chegamos à Bienal, fomos abordados por uma série de orientadores (uma espécie de equipe de apoio), perguntando se eramos um grupo, se estávamos agendados, etc, etc... Foram umas quatro abordagens até chegar ao prédio da Bienal. 

Equipes com papéis bem definidos. Quando fui perguntar para uma educadora sobre a disponibilidade de material didático, ela não sabia me informar, e me orientou perguntar a alguém do apoio. Estranhei essa falta de informação da educadora, pois aqui estamos acostumados ao mediador que tem que ter esse tipo de informação para dar. 

Caso quisessemos uma mediação, teriamos que esperar pelos horários marcados para público espontâneo. São horários previamente definidos, onde em um determinado ponto as pessoas aguardam o educador para iniciar a visita. 

SESC Pompéia - "Joseph Beuys - A Revolução Somos Nós":
Mediador é chamado de Monitor. 

Não havia material didático para distribuição. Porém o catálogo da exposição estava com um preço bem acessível: R$ 30 (preço original era de R$ 60). O catálogo é de alta qualidade. Os monitores estavam em disponibilidade no espaço expositivo, e demostravam ser bem prestativos. Não conversei muito com eles, pois estava em outra atividade. 

Havia um espaço da FIU (Free Internation University - Universidade Livre Internacional). Funcionava como uma sede da FIU e ao mesmo tempo um espaço educativo. Havia uma parede que era um quadro negro, garrafinhas com uma espécie de gordura, uma pá com dois cabos, entre outros objetos que remetiam à Beuys. Esses objetos eram utilizados em atividades realizadas com os grupos visitantes. Fizemos uma dessas atividades, que consistia em escrever em um quadro negro palavras negativas, e depois "enterrar" esse quadro com uma pá de dois cabos - o que levava a uma ação em conjunto com outra pessoa. Lá também havia livros, fotos, terminais de computadores e uma grande mesa, tudo a disposição do público para pesquisa e consulta. 

MASP:
Talvez o caso mais atípico: não há ninguém do Educativo trabalhando nos finais de semana. E eles só atendem grupos agendados. Isto é: se você for sozinho não terá mediação (ou visita guiada). Somente atendem grupos, agendados e durante a semana.
Não posso afirmar, mas Mediador deve ser chamado de Monitor .
Existe a distribuição gratuíta de pôsters com imagens de obras do acervo do MASP, para aqueles que se cadastrarem no museu. Você vai a um terminal, digita seus dados, e depois pega um rolo com três pôsters. Se não me engano o tamanho dos pôsters é A2. Atrás do pôster tem informações das obras, e algumas dicas para a leitura da imagem. Professores da rede pública, com comprovação, ganham a coleção inteira. 

Itaú Cultural:
Mediador é chamado de Educador. 

O Itaú Cultural pruduz material didático, mas somente distribui por solicitação (email ou telefone) de instituções. Não há entrega em mãos. Porém eles também enviam gratuitamente outros tipos de materias como catálogos das exposições realizadas, livros diversos, CD ROMs, CDs de áudio, revistas, conforme a disponibilidade. Podem fazer esse pedido professores, instituições e interessados (estes últimos desde que justificado o interesse, e depois de avaliada a relevância do mesmo. Caso eles julgem pertinente, enviam o material, mas o pedido passa por uma avaliação, e, portanto, pode ser negado). O que sei é que instituições recebem com certeza esse material, se solicitarem. A propósito: todos esses materiais são produzidos pelo Itaú Cultural. 

Não vi educadores em disponibilidade no espaço expositivo. Vi uma educadora, de relance, no saguão e depois não a vi mais. No espaço expositivo tinha uma equipe de apoio (esses sim em grande quantidade), que estavam ali para, além de observar o espaço, orientar e dar informações. Como era domingo, não vi educadores com grupos. 

Caso quisessemos uma mediação, teriamos que esperar pelos horários marcados para público espontâneo. São horários previamente definidos, onde em um determinado ponto as pessoas aguardam o educador para iniciar a visita. 

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Esse foi um breve relato do que vi. Alguns lugares como a Pinacoteca e o CCBB eu não tive tempo de ir. Acredito que a partir dessas observações podemos perceber como se encaminha o papel profissional do mediador (ou educador) na cena cultural de SP, colocando em questão como vemos e lidamos com o papel do (ainda) mediador aqui em Porto Alegre.

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