quarta-feira, 16 de março de 2011

Mediação em exposições de arte


Entendemos por mediação, uma prática pedagógica na qual o mediador, a partir de pesquisa teórica e do permanente contato com o público, constitui um repertório para estimular momentos de aprendizagem. Neste caso, não se trata de uma visita informativa ou uma prática educativa conteudista, mas de uma proposição pedagógica que se desenvolve através de diálogos, discussões transdisciplinares e da experiência com o objeto exposto, constituindo desta forma, um espaço de mediação.
"O espaço de mediação entre os objetos culturais e o público pode ser entendido como um espaço de educação não reprodutiva e, sendo assim, os atores envolvidos nessa prática podem ter outros papeis: de sujeitos passivos e reprodutores de informações podem passar a sujeitos ativos que interagem e se apropriam de conhecimentos (MAE BARBOSA e COUTINHO, 2009, p.113)
A visita educativa, ou visita mediada, se dá de forma interativa e dialógica e tem como objetivos estimular a percepção dos visitantes em relação às obras em exposição, partindo de questões referentes aos objetos artísticos presentes na mostra, para desdobrar-se para além das questões específicas do campo artístico e incentivar a relação interpretativa, a leitura crítica, a problematização, a contextualização histórica e estética.
O percurso traçado durante o processo de mediação não é um percurso iniciado ou acabado. É parte de algo maior, é parte de uma rede. O período de atividades no museu ou centro cultural se insere entre as experiências anteriores à visita da turma, ativando estas no percurso, e ligando-se a futuras experiências, criando marcas, que cada aluno possa levar para sua vida. Então a mediação está sempre entre, não inicia nem acaba, constituindo uma experiência situada entre tantas outras.
“A experiência é o que nos passa e o modo como nos colocamos em jogo, nós mesmo, no que se passa conosco. A experiência é um passo, uma passagem. Contém o ‘ex’ do exterior, do exílio, do estranho, do êxtase. Contém também o ‘per’ de percurso, do ‘passar através’, da viagem, de uma viagem na qual o sujeito da experiência se prova e se ensaia a si mesmo.” (LARROSA, 2002, p.66-67)
As visitas podem incluir dinâmicas e a utilização de acessórios de mediação que potencializem as questões abordadas durante a visita e favoreçam os processos da experiência estética e aprendizagem. Estes momentos não devem constituir etapas isoladas, mas acontecer de forma intrincada, constituindo uma trama de ações e produção de pensamento e conhecimento.


                                                                                                Diana Kolker e Rafael Silveira

Nenhum comentário:

Postar um comentário